Solidariedade

A recente tragédia na região das cidades de Teresópolis, Nova Friburgo e Petrópolis trouxe à tona uma onda de solidariedade proveniente dos quatro cantos do país. Até o presente momento já foram contabilizados cerca de 770 mortos, sem contar os desaparecidos, o que deve fazer com que esse número aumente ainda mais. No entanto, nesta que já é a maior tragédia climática da história do Brasil, nos chama a atenção a quantidade expressiva de doações e voluntários, os quais buscam amenizar o sofrimento e prestar assistência aos que sofreram perdas tão grandes. Se perder sua casa, seus objetos pessoais e conseqüentemente parte de sua própria identidade já constituem perdas terríveis, imagine quem perdeu um filho ou até mesmo sua família inteira! Momentos assim podem gerar revolta no coração de muitos, mas também reflexão existencial positiva em toda uma sociedade. Perceber a efemeridade da vida, o que de fato tem de valor nela e qual nossa postura diante disso tudo talvez sejam os melhores pensamentos que todos possamos alimentar agora. E nós, que não fomos afetados diretamente por esta catástrofe, podemos ser canais de Deus para abençoar os que foram. Como diz aquela música da Aline Barros, somos chamados a ser “como um farol que brilha à noite, como ponte sobre as águas, como abrigo no deserto, como flecha que acerta o alvo”. Eis então algumas dicas de ótimas contribuições que poderá dar:

1. Amor

É do que o homem mais precisa. Se tivermos amor, todo o resto se moverá. Estou me lembrando agora que, na ocasião da tragédia no Morro do Bumba no ano passado em minha cidade, me tocou muito o amor prático do querido pastor Marcos e de sua esposa Patrícia ao prepararem refeições deliciosas para os desabrigados na cozinha de minha igreja. Eles não só cozinharam por vários dias, como o fizeram de forma excelente. O cheiro daquela comida não sai da minha cabeça.

2. Tempo

Mesmo que a maioria de nós não disponha de muito tempo livre, o pouco que ofertamos é multiplicado se investido de forma qualitativa. O trabalho voluntário é indispensável neste momento e gera em nós senso de propósito. Foi o que aconteceu comigo ano passado, na ocasião que mencionei acima, quando fiz um show de mágicas para crianças que tinham acabado de sofrer trauma tão violento. Os jovens da minha igreja promoveram uma tarde recreativa num dos abrigos temporários. Deste evento restou a lembrança dos olhos daquelas crianças e a reflexão do quanto preciso me comprometer mais com causas sociais em dias aparentemente normais.

3. Humanidade

Existe um elo fortíssimo que nos une às vítimas de catástrofes: nossa humanidade. Somos diferentes uns dos outros em vários aspectos, temos percepções diferentes da vida, podemos pertencer a classes sociais distintas, termos influências culturais diversas. Mas somos todos humanos. E, nestas horas, se solidarizar, amar o próximo, olhar em seus olhos, é ver isso. Somos iguais também. Frágeis e fortes, tímidos e ousados, pobres e ricos. Diante do inevitável, agora todos se identificam e repartem o pão. Ofereça humanidade, olhe de igual pra igual, deixe de lado seus preconceitos.

4. Recursos materiais

Não adianta florear, dizer belas palavras, teorizar a vida. É preciso abrir a carteira. Ou abrir a despensa, fazer um depósito bancário, separar roupas e cobertas, ir ao supermercado. Por mais relevantes que sejam as necessidades existenciais das pessoas afligidas, não podemos esquecer de suas necessidades materiais. A barriga roncando não as deixa esquecer também. Por mais elementar que seja, água mineral e materiais de higiene pessoal são prioridades neste momento. Há vários postos de coletas no Brasil inteiro. Ou se preferir, faça um depósito a favor do Fundo Estadual de Assistência Social do Estado do Rio de Janeiro (CNPJ 02932524/0001-46) na conta 00594-7, agência 5673, do Banco Itaú S/A (341). Mais informações você poderá encontrar no site do Banco Itaú. Outra opção é entrar em contato com a unidade da Cruz Vermelha mais próxima de você. Mesmo que não possa doar muito, faça a sua parte. O pouco de muitos vira muito nas mãos de Deus.

5. Deus

Por fim, um outro nome para o primeiro tópico. É do que o homem mais precisa. Se tiver Deus na sua vida, todo o resto Ele moverá. Não que andar com Deus seja garantia de prosperidade financeira e uma vida sem lutas. Mas certamente será de uma existência plena, com propósito (e, portanto, feliz), de paz verdadeira. Certa vez Jesus disse: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mateus 4.4). A necessidade de pão é uma realidade evidente. A necessidade de Deus por vezes é latente, não está clara para o homem. Mas devemos comunicá-la mesmo assim. Só Ele nos faz andar sobre as águas na tempestade, a viver a multiplicação de pães cotidiana e a testemunhar a ressurreição após a cruz. Comunicar desse Deus às pessoas é o mesmo que levar esperança.