Domingo passado foi transmitido pela Rede Globo de Televisão, maior emissora do país, o Festival Promessas. Reunindo grandes nomes da música gospel nacional, a atração atingiu uma marca expressiva de audiência para o horário, isolando-se em primeiro lugar dentre os televisores ligados. Contudo, muitos têm visto com receio essa abertura crescente da Globo para os evangélicos. Rotulada de 'perseguidora dos cristãos' por muito tempo, parece que agora se transformou em sua principal promovedora. Mas quais os interesses em jogo afinal? Até que ponto podemos acreditar nestas 'promessas'?
Nos primórdios da igreja, os cristãos sofriam perseguições de diversos tipos. Sua fé incomodava a muitos. A pregação do evangelho era loucura, era contracultura, ameaçando a 'paz' do Império. Até que o imperador romano Constantino se converte e o cristianismo se torna a religião oficial. Sim, isso trouxe um grande alívio para a igreja perseguida. Mas ao mesmo tempo a "secularizou", institucionalizou demais, roubou um pouco de sua identidade. E que tipos de paralelos poderíamos traçar entre estes dois eventos? Quais argumentos são usados para justificar a oposição a este tipo de programação? Vou mostrar alguns - e também minha opinião a respeito.
Argumento 1: A igreja está se secularizando. De fato, eu percebo que isso acontece. O que não é evidenciado por uma igreja aparentemente liberal, pois nossos rótulos de sagrado e profano são extremamente falhos, mas pelos valores do Reino que na prática se evidenciam ou não na vida de cada cristão. Em geral eu não gosto de igrejas que estão na mídia, pois muitas utilizam o argumento da promoção do Reino para promoverem os impérios pessoais de seus líderes ambiciosos. Ser uma igreja de projeção não significa ser uma igreja no coração. Esta se preocupa com os injustiçados e necessitados na sociedade à sua volta, em pregar o evangelho genuíno e simples de Cristo, em cuidar do rebanho do Senhor. Contudo, creio que existem os que utilizam da mídia para anunciar a Verdade. E creio também nos propósitos soberanos de Deus, compreensão esta que considero essencial para rebater o próximo argumento.
Argumento 2: Deus não pode ou não quer usar um evento "gospel" na Globo. Por que não? Quem você acha que é pra limitar o agir de Deus? Deus é soberano e usa quem quer da forma que lhe apraz. Ainda que tenhamos motivos para temer a secularização da igreja e pra desconfiar dos interesses da Globo (provavelmente comerciais), não devemos e nem podemos tê-los como limitadores da ação soberana de Deus na história. Vocês acham que a oficialização da igreja por Constantino pegou Deus de "surpresa"? Eu não só não creio nisso, como creio que Deus permitiu isso. Sim, o desafio foi maior, os riscos seriam outros. Mas mesmo assim havia propósitos eternos de Deus em tais acontecimentos - e isso inclui eu e você. Eu acredito que, se por um lado Pilatos lavou as mãos, por outro havia a mão de Deus colocando Jesus na cruz por mim e por você. Deus está no controle do que não entendemos.
Argumento 3: Os artistas "gospel" não representam a igreja. Desde domingo tenho visto líderes renomados "metendo o malho" nos artistas que se apresentaram no Festival Promessas. Através de seus perfis no Facebook e Twitter, muitos têm se referido aos cantores de domingo como "aquela corja de artistas", como "os vendidos da Globo", dentre outras expressões infelizes. Eu acho que deveriam temer pelo julgamento que fazem. Pois pela mesma medida que medem também serão medidos. Todos temos falhas, mas só Deus conhece o coração. Eu creio que a despeito de diferenças denominacionais e discordâncias doutrinárias, a igreja esteve presente em cheio a este evento. E o nome de Jesus foi exaltado através de Seus adoradores.
Argumento 4: O evangelho não é "gospel". Embora tecnicamente o termo "gospel" signifique evangelho, tenho que concordar que muito da música gospel tocada nas rádios hoje é puramente comercial. Voltada pra atender a um mercado crescente, muitos artistas não expressam mais a Verdade, trocando a essência da adoração por frases de efeito e refrões que facilmente caem no gosto do público. Muitas músicas não são fruto de uma vida aos pés da cruz, mas de uma necessidade de vendas e projeção comercial. Muitas destas músicas não estão comprometidas com a adoração a Deus, com a exaltação de Sua pessoa, não possuem profundidade ou coerência teológicas, antes, estão centradas no homem e em seu desejo de conquistar, vencer, ganhar. Nunca perder pra Ele, se render a Ele, aos Seus propósitos. Os pronomes na primeira pessoa do singular são maioria. Mas considero um erro generalizarmos, falarmos do que não sabemos, do que não ouvimos. Quem assistiu ao Festival Promessas no domingo ouviu músicas (se não todas, algumas) que expressavam genuíno louvor a Deus. Canções que evangelizaram, que mostraram Jesus, o Caminho. Às vezes rotulamos certos artistas e julgamos o todo por uma parte. Há muitas estrelas no "mercado gospel", mas também os que, apesar da fama, mantém um coração contrito diante Dele.
Enfim, queridos, esta é a minha opinião. Posso não ter agradado a todos, mas preciso ser coerente com o que creio e vejo. Desde que compreendi a soberania de Deus ao longo dos séculos e na história da igreja, aprendi a confiar em Seus propósitos. Vou ser crítico com as práticas que vão contra a Palavra, mas cuidadoso com análises subjetivas. Acho que todos deveríamos ser. Eu me alegro na confiança do que Deus fez domingo em milhões de lares que sintonizaram a Globo. Não pela Globo, cujas promessas podem tratar-se de meras promessas de mercado. Mas porque Deus de fato é um Deus de Promessas - e cumprirá todos os Seus maravilhosos propósitos nesta nação!
Concordo. Muito bom seu post Leandro!
ResponderExcluirBeijos
www.espacolmt.blogspot.com
Obrigado, Lu! Bjos!!
ExcluirVim fazer-lhe uma visita, e recomendo vivamente que esta Palavra da Verdade nunca se aparte de sua boca, e que os rios do Grande Deus fluam através de seu ser, a graça do Glorioso Jesus brote como um nascente vivo de aguas cristalinas de sua vida para inundar aqueles que sedentos procuram saciar sua sede nos lamaçais deste mundo. Convido a fazer parte de meus amigos na Verdade Que Liberta. Votos de um Feliz Natal e um Ano Novo cheio da graça bendita de Deus. Um abraço.
ResponderExcluirObrigado, Antonio! Abraço!!
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