As 70 Resoluções de Jonathan Edwards (parte 1)



No início do ano passado, realizei um sonho antigo: me matriculei num seminário teológico! E, pela graça de Deus, foi no seminário que eu queria cursar - a Escola de Pastores, aqui em Niterói. Embora a palavra "pastor" tenha caído em descrédito na opinião popular, este é um seminário sério, de linha reformada, que ensina com excelência e mantém fidelidade às Escrituras como Palavra de Deus que é. Desde então já cresci muito como pessoa, aprendendo muitas coisas importantes para o exercício do meu ministério e da minha própria espiritualidade como um todo. E eu gostaria de destacar uma disciplina, um professor e uma aula que me marcaram muito no início dos meus estudos: Vocação e Espiritualidade, professor Carlos Buczynski e a aula em que ele leu conosco as resoluções de Jonathan Edwards. 

E quem foi esse ilustre desconhecido - para muitos hoje? Um grande homem de Deus, um grande pregador, um grande avivalista do século XVIII - e um grande servo. Foi ele quem pregou o famoso e polêmico sermão "Pecadores nas mãos de um Deus irado". Seu compromisso não era agradar às massas, mas pregar toda verdade da Palavra de Deus - por mais dura e desconcertante que fosse. Assim, muitos foram impactados e tiveram suas vidas transformadas pelo poder de Deus através da Palavra pregada por este homem. Leia abaixo as 70 resoluções que o próprio Jonathan Edwards escreveu para si e que têm desafiado e inspirado inúmeros cristãos ao longo dos últimos séculos. Foram escritas entre os anos de 1722 e 1723, mas são muito atuais! Meditem sobre cada uma delas, pois são de uma riqueza ímpar. Boa leitura!


RESOLUÇÕES DE JONATHAN EDWARDS

Estando ciente de que sou incapaz de fazer qualquer coisa sem a ajuda de Deus, humildemente Lhe rogo que, através de Sua graça, me capacite a cumprir fielmente estas resoluções, enquanto elas estiverem dentro da Sua vontade, em nome de Jesus Cristo.

Lembra de ler estas resoluções uma vez por semana.

1. Resolvi que farei tudo aquilo que seja para a maior glória de Deus e para o meu próprio bem, proveito e agrado, durante todo tempo de minha peregrinação, sem nunca levar em consideração o tempo que isso exigirá de mim, seja agora ou pela eternidade fora. Resolvi que farei tudo o que sentir ser o meu dever e que traga benefícios para a humanidade em geral, não importando quantas ou quão grandes sejam as dificuldades que venha a enfrentar.

2. Resolvi permanecer na busca contínua de novas maneiras para poder promover as resoluções acima mencionadas. 

3. Resolvi arrepender-me, caso eu um dia me torne menos responsável no tocante a estas resoluções, negligenciando uma ínfima parte de qualquer uma delas e confessar cada falha individualmente assim que cair em mim.

4. Resolvi, também, nunca negar alguma maneira ou coisa difícil, seja no corpo ou na alma, menos ou mais, que leve à glorificação de Deus; também não sofrê-la se tiver como evitá-la. 

5. Resolvi jamais desperdiçar um só momento do meu tempo; pelo contrário, sempre buscarei formas de torná-lo o mais proveitoso possível. 

6. Resolvi viver usando todas minhas forças enquanto viver. 

7. Resolvi jamais fazer alguma coisa que eu não faria, se soubesse que estava vivendo a última hora da minha vida. 

8. Resolvi ser a todos os níveis, tanto no falar como no fazer, como se não houvesse ninguém mais vil que eu sobre a terra, como se eu próprio houvesse cometido esses mesmos pecados ou apenas sofresse das mesmas debilidades e falhas que todos os outros; também nunca permitirei que o tomar conhecimento dos pecados dos outros me venha trazer algo mais que vergonha sobre mim mesmo e uma oportunidade de poder confessar meus próprios pecados e miséria a Deus. 

9. Resolvi pensar e meditar bastante e em todas as ocasiões sobre minha própria morte e sobre circunstâncias relacionadas com a morte. 

10. Resolvi, sempre que experimentar e sentir dor, relacioná-la com as dores do martírio e também com as do inferno. 

11. Resolvi que sempre que pense em qualquer enigma sobre a salvação, fazer de tudo imediatamente para resolvê-lo e entendê-lo, caso nenhuma circunstância me impeça de fazê-lo. 

12. Resolvi, assim que sentir um mínimo de gratificação ou deleite de orgulho ou de vaidade, eliminá-lo de imediato. 

13. Resolvi nunca cessar de buscar objectos precisos para minha caridade e liberalidade. 

14. Resolvi nunca fazer algo em forma de vingança. 

15. Resolvi nunca sofrer nenhuma das mais pequenas manifestações de ira vinda de seres irracionais. 

16. Resolvi nunca falar mal de ninguém, de forma tal que afete a honra da pessoa em questão, nem para mais nem para menos honra, sob nenhum pretexto ou circunstância, a não ser que possa promover algum bem e que possa trazer um real benefício. 

17. Resolvi viver de tal forma como se estivesse sempre vivendo o meu último suspiro. 

18. Resolvi viver de tal forma, em todo o tempo, como vivo dentro dos meus melhores padrões de santidade privada e daqueles momentos que tenho maior clarividência sobre o conteúdo de todo o evangelho e percepção do mundo vindouro. 

19. Resolvi nunca fazer algo de que tenha receio de fazer uma hora antes de soar a última trombeta. 

20. Resolvi manter a mais restrita temperança em tudo que como e tudo quanto bebo. 

21. Resolvi nunca fazer algo que possa ser contado como justa ocasião para desprezar ou mesmo pensar mal de alguém de quem se me aperceba algum mal. 

(Resoluções 1 a 21 foram escritas em New Haven em 1722) 

22. Resolvi esforçar-me para obter para mim mesmo todo bem possível do mundo vindouro, tudo quanto me seja possível alcançar de lá, com todo meu vigor em Deus – poder, vigor, veemência, violência interior mesmo, tudo quanto me seja possível aplicar e admoestar sobre mim de qualquer maneira que me seja possível pensar e aperceber-me.

23. Resolvi tomar ação deliberada e imediata sempre que me aperceber que possa ser tomada para a glória de Deus e que possa devolver a Deus Sua intenção original sobre nós, Seu desígnio inicial e Sua finalidade. Caso eu descubra, também, que em nada servirá a glória de Deus exclusivamente, repudiarei tal coisa e a terei como uma evidente quebra da quarta resolução.

24. Resolvi que, sempre que encetar e cair por um caminho de concupiscência e mau, voltar atrás e achar sua origem em mim, tudo quanto origina em mim tal coisa. Depois, encetar por uma via cuidadosa e precisa de nunca mais tornar a fazer o mesmo e de orar e lutar de joelhos e com todas as minhas forças contra as origens de tais ocorrências.

25. Resolvi examinar sempre cuidadosamente e de forma constante e precisa, qual a coisa em mim que causa a mínima dúvida sobre o verdadeiro amor de Deus para direcionar todas as minhas fortalezas contra tal origem.

26. Resolvi abater tais coisas, a medida que as veja abatendo minha segurança. 

27. Resolvi nunca omitir nada de livre vontade, a menos que essa omissão traga glória a Deus; irei, então e com frequência, rever todas as minhas omissões.

28. Resolvi estudar as Escrituras de tal modo firme, preciso, constante e frequente que me seja tornado possível e que me aperceba em mim mesmo de que estou crescendo no conhecimento real das mesmas. 

29. Resolvi nunca ter como uma oração ou petição, nem permitir que passe por oração, algo que seja feito de tal maneira ou sob tais circunstâncias que me possam privar de esperar que Deus me atenda. Também não aceitarei como confissão algo que Deus não possa aceitar como tal. 

30. Resolvi extenuar-me e esforçar-me ao máximo de minha capacidade real para, a cada semana, ser levado a um patamar mais real de meu exercício religioso, um patamar mais elevado de graça e aceitação em Deus, do que tive na semana anterior.

31. Resolvi nunca dizer nada que seja contra alguém, exceto quando tal coisa se ache de pleno acordo com a mais elevada honorabilidade evangélica e amor de Deus para com a sua humanidade, também de pleno acordo com o grau mais elevado de humildade e sensibilidade sobre meus próprios erros e falhas e de pleno acordo àquela regra de ouro celestial; e, sempre que disser qualquer coisa contra alguém, colocar isso mesmo mediante a luz desta resolução convictamente. 

32. Resolvi que deverei ser estrita e firmemente fiel à minha confiança, de forma que o provérbio 20:6 “Mas, o homem fiel, quem o achará?” não se torne nem mesmo parcialmente verdadeiro a meu respeito.

33. Resolvi, fazer tudo que poderei fazer para tornar a paz acessível, possível de manter, de estabelecer, sempre que tal coisa nunca possa interferir ou inferir contra outros valores maiores e de aspectos mais relevantes. 26 de Dezembro de 1722 

34. Resolvi nada falar que não seja inquestionavelmente verídico e realmente verdadeiro em mim. 

35. Resolvi que, sempre que me puser a questionar se cumpri todo meu dever, de tal forma que minha serenidade e paz de espírito sejam ligeiramente perturbadas através de tal procedimento, colocá-lo diante de Deus e depois verificar como tal problema foi resolvido. 18 de Dezembro 1722 

Confira amanhã as outras resoluções de Jonathan Edwards!

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