Há 12 anos eu fui apresentado ao conceito de "Discipulado Pessoal". E desde então me submeti a ser discipulado e também discipulei a muitos, aprendendo teoricamente e na prática sobre o assunto - o que gostaria de compartilhar um pouco com vocês! E do que se trata? Do acompanhamento por um cristão mais experiente de outros cristãos visando ao crescimento pessoal destes. E, no modelo a que fui apresentado, este discipulado é feito individualmente, um a um. É um espaço que se cria para aconselhamento, estudo bíblico, treinamento para o serviço no Reino e amizade. O objetivo não é decidir pelo discípulo ou dar respostas prontas. Não é coagi-lo para o que o discipulador quer. Mas fornecer exemplo, suporte emocional e espiritual, compartilhar valores e ensiná-lo a pensar de forma cristã. O discípulo não será um imitador, a não ser no sentido de que o apóstolo Paulo fala: "Tornem-se meus imitadores, como eu sou de Cristo" (1 Co 11.1). O discípulo será um seguidor de seu bom exemplo. Por isso é importante que o discípulo admire seu discipulador.
Há problemas que envolvem o Discipulado? Vários! Estamos tratando de seres humanos reais e falhos, não de ideias apenas. Vejamos alguns recorrentes: 1) O discipulador que se acha Deus na vida do discípulo, ou seja, confunde seu papel; 2) O discípulo que finge que ouve, mas no fundo não tá nem aí; 3) Discipuladores ou discípulos que nunca separam tempo para estarem juntos; 4) Discipuladores que não possuem maturidade pessoal ou conhecimento bíblico mínimo pra aconselhar; 5) Discípulos que esperam que o discipulador seja infalível (não existem super-homens!), criando uma expectativa exagerada e infantil; 6) Discipuladores e discípulos que criam uma relação de dependência doentia, o que anula a individualidade e a necessária e saudável autonomia.
Depois dessa enumeração talvez você se pergunte se esse negócio de Discipulado vale a pena mesmo. Pois bem, eu lhe digo que considero o Discipulado uma das maiores bênçãos e legados que Deus nos deixou em Sua Palavra! Jesus teve discípulos. Aí você dirá: "ah, mas Jesus era Jesus!". Ok, vou te dar outros nomes. No Antigo Testamento vemos o exemplo de Elias, que teve discípulos. No Novo, João Batista também teve! Paulo teve Timóteo, Marcos! Esta aliás não era uma prática rara, mas comum no tempo destes personagens. E na história da igreja também esteve presente. Na Grande Comissão, Jesus desafia Seus discípulos ali presentes e de todas as épocas: "Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei" (Mt 28.19-20). E vejam a instrução do apóstolo Paulo ao seu discípulo Timóteo: "Portanto, você, meu filho, fortifique-se na graça que há em Cristo Jesus. E as coisas que me ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, confie a homens fiéis que sejam também capazes de ensinar a outros" (2 Tm 2.1-2). Discipulado não é opção, mas missão! Não é só ganhar uma pessoa para Cristo e depois "abandoná-la", mas se importar e fornecer subsídios para o seu crescimento. Não é só para novos cristãos, mas para todo cristão que não se basta. Ninguém se basta! Todos precisamos de outros para ser e crescer! Deus nos indicou esse caminho.
Porém alguns conselhos úteis: 1) Antes de ser um discipulador, seja discípulo de alguém (a menos que não haja ninguém com disponibilidade para tal e Deus esteja lhe conduzindo para cuidar de outros, contudo não deixe de buscar pessoas maduras para se aconselhar com certa frequência); 2) Ore antes de se tornar discípulo ou discipulador de alguém, esta é uma decisão muito importante; 3) Não se apresse a oficializar uma relação de discipulado, porém antes dedique tempo caminhando e conhecendo o outro informalmente (pode ser que a identificação inicial cesse); 4) Separe um tempo de qualidade e com regularidade para estar com seu discípulo (e desafie seu discípulo a esse compromisso), por exemplo, um encontro semanal ou quinzenal de umas duas horas é razoável; 5) Além desse tempo, faça ligações, mande uma mensagem, se importe, participe, pergunte regularmente como seu discípulo está, ore pela vida dele; 6) Resista à tentação de dar respostas prontas ou cobrar ações de forma legalista, afinal, você precisa respeitar a autonomia do seu discípulo e estimulá-lo a encontrar as respostas por si só (ao invés disso apresente princípios e se reporte à Bíblia sempre); 7) Discipulador, não se coloque como senhor da verdade ou ser humano perfeito, mas aprenda junto, admita suas falhas (sem contudo se "desnudar" desnecessariamente), se mostre tão carecedor da Graça quanto ele. E tem muitas outras coisas que vamos aprendendo enquanto caminhamos, respeitando e compreendendo também as características de cada pessoa.
Enfim, o discipulador é aquele que fará o que está ao seu alcance para que o discípulo cresça ao máximo em direção ao seu chamado geral e específico, desenvolvendo suas potencialidades. Não deverá fazê-lo sozinho, mas sempre contar com seu coach, o Espírito Santo, e com outros homens de Deus que o ajudem nessa missão. Como já disse, todos os cristãos são chamados a discipular, porém só devem fazê-lo se tiverem disponibilidade de tempo e maturidade para tal. Submeterem-se a outros cristãos maduros primeiro é um caminho para isso. Contudo não devemos recusar a proposta divina do Discipulado, nos dando sucessivas desculpas, pois do contrário estaremos negligenciando o chamado de Cristo. O trabalho é árduo, mas sem dúvida recompensante. Crescemos e aprendemos muito, seja de qual lado estejamos. E vemos filhos espirituais falando, andando sozinhos, crescendo na Graça e cumprindo sua missão no mundo. Discipular é, de certa forma, exercer uma paternidade. E, como tal, devemos cumprir com responsabilidade e amor.
Não ia comentar p não ser chata,pois faria isso em todos os outros textos que já li,mais esse não consegui me segurar prq é uma aula a nós cristãos e não somente na questão de discipular alguem,porém principalmente a nós mesmos.Em 5 anos quem liderei os jovens da igreja em que congrego, aprendi no trampo a lidar c os "momentos"de cada um deles,a não interferir pessoalmente mais na palavra.Parabéns mais uma vez Leandro,pela disposição em repartir o que com esforso aprendeu e nos abençoar de forma tao grandiosa.
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